segunda-feira, 23 de abril de 2012

Paisagens naturalmente culturais


O Südgelände Natur-Park fica na zona sul de Berlim, entre duas linhas férreas ativas, e ocupa uma típica área residual ferroviária que esteve abandonada por cerca de 40 anos.


Durante esse tempo a natureza foi recuperando seu território entre velhos trilhos, construções e escombros.
Alguns cidadãos locais se deram conta deste espetáculo e empenharam-se em conseguir que aquela área fosse convertida em parque. E assim foi. Só que o resultado foi um parque onde nem a natureza nem os elementos culturais são tratados como monumentos. O que se vê é uma integração harmoniosa entre a modificação dos processos da sociedade moderna e a regeneração ecológica, num cenário dinâmico e atual.
Uma intervenção arquitetônica delicada e despretensiosa, ao mesmo tempo extremamente poética e efetiva. É uma grande oportunidade para o urbanista ter contato com os processos culturais e ecológicos que definem a vida nas cidades.


Espaços desse tipo são uma verdadeira inspiração para tratar as paisagens urbanas.
Dentro do parque, através de caminhos suspensos do solo, que parecem dizer “chega! Aqui já não se pisa”, somos convertidos em espectadores da reconquista natural. Em outros pontos somos convidados a interagir, e surgem elementos de arte e espaços de exposição.




É um desses lugares que, depois de um dia andando entre museus e monumentos, te levam a pensar sobre um monte de coisas: tem maior valor histórico um aqueduto ou catacumba romanos, que uma ferrovia moderna? O que é patrimônio afinal? Será que valorizamos mais algumas épocas que outras? Quem conta mais a nossa história? Um palácio? Teatro? Igreja? Mas será que só dessas fontes podemos conhecer de verdade nossas culturas e história? E quais serão os monumentos que contarão a história desse tempo?
Eu particularmente acho que “ler” uma cidade somente através de seus edifícios equivale a se informar só através de telejornais. Ficamos com uma idéia incompleta do que nos rodeia, e pouco nos instiga a pensar com profundidade sobre quem são as pessoas desse lugar e como vivem de verdade.
As infraestruturas de uma cidade transmitem valores importantes, e podem dizer-nos muito sobre a sociedade que nela habita.




Fonte:
<http://www.vitruvius.com.br> Acesso em 23 de abril de 2012.
Artigo publicado no blog www.puntogordo.wordpress.com, em 16 de maio de 2011, em Madrid por Paloma Padilha de Siqueira, arquiteta e urbanista pela Universidade Mackenzie, e máster em Meio Ambiente e Arquitetura Bioclimática pela Universidade Politécnica de Madri.







quarta-feira, 28 de março de 2012

Construção e Queda do Muro de Berlim


Em 13 de agosto de 1961, guardas da Alemanha Oriental começaram a separar com arame farpado e concreto os lados oriental e ocidental de Berlim, isolando Berlim Ocidental dentro do território da Alemanha Oriental.






Conheça o depoimento de quem tentou escapar de todas as formas possíveis desse "muro da morte"; por túneis, balões de ar quente, planadores ou biplanos. Ouça o que dizem os guardas, os oficiais de segurança da Stasi, políticos, historiadores e jornalistas que ajudaram a contar a história desse muro, que marcou a separação entre Oriente e Ocidente durante o século XX.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Orquestra Filarmônica de Berlim


Há 119 anos a Orquestra Filarmônica de Berlim é considerada um dos mais importantes símbolos da identidade musical não só da cidade mas como do mundo. Foi fundada em 1882 por um grupo de músicos que se demitiram de outra orquestra devido ao autoritarismo que nela existia.
 
Orquestra Filarmônica de Berlim 

A arquitetura e a acústica das salas da Orquestra Filarmônica de Berlim se tornaram modelos para muitas outras orquestras do mundo todo. Hoje é vista como um emblema da cidade de Berlim. 

Orquestra

Em janeiro de 2009 a orquestra inaugurou uma "sala de concertos virtuais" que permitem que pessoas do mundo todo possam assistir suas apresentações. A sala de concertos virtuais pode ser acessada pelo endereço http://dch.berliner-philharmoniker.de.

Simon Rattle, atual diretor artístico

Além disso, é possível visitar pessoalmente a orquestra com um guia ou fazer um tour pelo site mesmo sem estar ocorrendo um concerto.
O site oficial possui mais informações como direção; membros; programas educacionais; concertos; compra de ingressos que pode ser feita online, dentre outras.

Vista aérea da orquestra 


Fontes:
Site oficial <http://www.berliner-philharmoniker.de/en/philharmonie/> Acesso em 21 de março de 2012.








terça-feira, 13 de março de 2012

A História do muro


                             "Terrível! Esta fronteira de pedra ergue-se...
                             ofende os que desejam ir para onde lhes aprouver
                             não para um túmulo de massa/ um povo de pensadores."

                                                                                                              Volker Braun, 1965


Nas primeiras horas do dia13 de agosto de 1961, a população de Berlim, próxima à linha que separava a cidade em duas partes, foi despertada por barulhos estranhos, exagerados. Ao abrirem suas janelas, depararam-se com um inusitado movimento nas ruas a sua frente. Vários Vopos, os milicianos da RDA (República Democrática da Alemanha), a Alemanha comunista, com seus uniformes verde-ruço, acompanhados por patrulhas armadas, estendiam de um poste a outro um interminável arame farpado que alongou-se, nos meses seguintes, por 37 quilômetros adentro da zona residencial da cidade. Enquanto isso, atrás deles, trabalhadores desembarcavam dos caminhões descarregando tijolos, blocos de concreto e sacos de cimento. Ao tempo em que algum deles feriam o duro solo com picaretas e britadeiras, outros começavam a preparar a argamassa. Assim, do nada, começou a brotar um muro, o pavoroso Mauer, como o chamavam os alemães.


 
O fracasso do socialismo russo foi se somando às possibilidades de desconstrução daquela obra fria e abominável. No ano de 1973, as duas Alemanhas reatam os seus laços diplomáticos. Na década de 1980, os oficiais da RDA permitiram que o outro lado fosse visitado somente após uma complicada avaliação do pedido e o pagamento de um pedágio de 25 marcos. Nessa mesma época, várias pichações anônimas e a declaração oficial norte-americana defendiam a extinção do Muro de Berlim.

O absurdo segregacionista demonstrava claramente que o socialismo burocrata soviético não seria capaz de impor uma ampla e natural zona de influência política entre os alemães. Além disso, enquanto o “milagre econômico” (mais conhecido como “Wirtschaftwunde”) dos ocidentais se tornava realidade, o lado controlado pelos soviéticos experimentava uma época de retração em que o parque industrial encolhia e as condições de vida se tornavam mais difíceis.




Em 9 de novembro de 1989 o governo da então Alemanha Oriental, comunista, decidia abrir suas fronteiras e destruir o Muro de Berlim, precipitando o colapso dos regimes do leste europeu. Para muitos, esse fato encerrou definitivamente a 2ª Guerra Mundial, já que esse Muro era parte da herança desse conflito, e da Guerra Fria entre as superpotências militares de então: Estados Unidos e a ex-URSS. Precipitadamente, o historiador norte-americano Francis Fukoyama viu nisso o "fim da história", com o domínio absoluto do mercado e do ideário neoliberal. Já o sociólogo alemão Robert Kurz2 via nesse fato não esse fim, mas o início do colapso do que ele chamou "sistema mundial de mercadorias", que teria tido no Leste Europeu a sua versão estatizante, mas que seria parte integrante do sistema maior, o capitalismo. Esse começou a entrar em colapso nessa região, como também entrara em outras regiões periféricas. De um lado, portanto, esse fato foi interpretado como o "fim das ideologias", já que restava apenas uma após a queda desse Muro. De outro, a interpretação de que o que ruiu não foi apenas um muro famigerado e o sistema comunista, mas uma fração do próprio sistema mundial e que esse processo acabará arrastando no curso do tempo todo o sistema.




Com o fim desse Muro e o colapso do sistema comunista do Leste Europeu, estatizado e de planejamento centralizado, começou a soprar mais forte o vento da globalização, sem barreiras. O final de século revela um panorama de mudanças e muitas incertezas, ainda que a queda do referido Muro tenha sugerido um mar de águas tranqüilas. Nesse sentido, o historiador inglês Eric Hobsbawn3 afirma que "um dos riscos atuais é que o capitalismo tenha perdido seu sentimento de medo. Aceitam-se níveis de desigualdade antes não tolerados"4 .





Notas:
1 Sociólogo, professor da UESC, responsável técnico pela Sócio Estatística. www.socio-estatistica.com.br
2 Robert Kurz é autor dos livros O colapso da Modernização, editado pela Paz e Terra, e Os Últimos Combates, editado pela Vozes. É também colunista mensal do caderno Mais, da Folha de São Paulo.
3 Historiador inglês, autor de muitos livros, dentre os quais A Era das Revoluções (1789-1848) e Era dos Impérios (1848-1875) editados pela Paz e Terra e Era dos Extremos (1914-19910) editado pela Companhia das Letras.
4 Em entrevista concedida ao Clarin, Argentina, e republicada pela Folha de São Paulo, 1º de janeiro de 1999, 1-12.


Bibliografia:

GASPARETTO. Agenor. 10 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM, GLOBALIZAÇÃO
E REGRAS DO COMÉRCIO MUNDIAL. Publicado na Revista SBPM – Sociedade Brasileira de Pesquisa de Mercado. Maio 2000. Ano III, nº 11, pp. 32-37.


Site: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_cultura.htm  acessado em 13/03/2012 ás 12h. Por SCHILLING, VOLTAIRE.

Site: http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/a-construcao-do-muro-de-berlim.htm  Acessado em 13/02/2012 as 12h. 




East Side Gallery



Depois da queda do muro em 1989, centenas de artistas de toda parte do mundo reuniram-se e transformaram o maior trecho que restou do muro com suas pinturas, tornando o a East Side Gallery.
A galeria foi tombada pelo patrimônio histórico em 1991 e é considerada hoje a maior galeria de arte ao ar livre no mundo .
As imagens criadas em 1989/90, sobre o segmento remanescente do Muro entre os bairros berlinenses de Kreuzberg e Friedrichshain, com o tempo, estavam se deteriorando, então em 2009 a galeria passou por um processo de restauração. Dos 118 artistas que pintaram a queda do Muro , 94 aceitaram o convite para restaurar ou reconstruir suas obras e 99 dos 106 trabalhos originais foram recuperados.  Sua restauração custou 2 milhões de euros.
Obras como o Beijo Fraterno” entre o líder soviético Leonid Brejnev e seu homólogo alemão-oriental Erich Honecker – pintura do artista russo Dimitri Vrubel – ganharam novo brilho após a recuperação.


                                                                              'Beijo fraterno' de Dimitri Vrubel.

Artistas como Jim Avignon e Thierry Noir estão entre os autores do muro, porém a maioria dos pintores, no entanto, é desconhecida do grande público. Desde 1996, uma iniciativa de artistas com o nome de East Side Gallery trata da proteção do Muro. A iniciativa foi responsável pela restauração do concreto e pela localização dos artistas que participaram da ação em 1990.
                                                                                                                 Günther Schäfer restaura seu trabalho 'Pátria'.



                                                                                                                   'Algumas  cabeças’ por Thierry Noir.



                                                                                                                   Uma das obras da East Side Gallery.



                                                                                                                   Uma das obras da East Side Gallery.



                                                                                                                       Algumas obras da East Side Gallery.

Em novembro de 2009, depois de passar por restauro, a East Side Gallery foi reaberta ao público para comemorar os 20 anos da queda do muro.

Diariamente, aproximadamente duas mil pessoas visitam a galeria de arte ao ar livre. Com 1,3 quilômetro de extensão e 3,60 metros de altura.


Livro: 1989 – O Ano que mudou o mundo – A verdadeira história da queda do muro de Berlim

"Escritor e jornalista, o então chefe da sucursal da 'Newsweek' no Leste europeu assistiu a tudo de perto e entrevistou os principais atores envolvidos no cenário anterior à derrubada da Cortina de Ferro. Vinte anos depois, propõe desconstruir os mitos que cercam o acontecimento, e mostra seus efeitos nos dia de hoje."


Autor: Michael Meyer

Livro: Muro de Berlim – Um mundo dividido 1961-1989

 "O autor explicita a situação política mundial que permitiu a construção e a queda do muro de Berlim, dividindo a Alemanha em duas, entre agosto de 1961 e novembro de 1989. Ele narra as diversas viagens que fez às duas partes do país durante esta época."



Autor: Frederick Taylor